
VÉU NEGRO COM ESTRELAS
Está de noite e ainda tens o teu véu de estrelas pendurado na janela.
Ao frio, as lâminas balançam no casco dos teus sonhos de neve
e as plumas são baionetas bolorentas do teu cachecol
levado pelas aves que partiram para
paragens quentes de estio
É um dezembro frio e duro
E as mantas de quadrados
já não te aquecem
A lã é velha
Feita de novelos que se desteçem ao frio
Das ondas de vento de uma
Manhã que nunca amanhece.
E ficas quieta
A ver os dias passar
E a endurecer o teu coração cravado
De memórias do verão passado
Não tiras o teu véu da janela
Nunca foi tão cedo para amanhecer os dias
E nunca foi tão tarde para quebramos a aurora
Destes dias sem memória
Que exagero! Dizes tu dentro de casa.
Não vés que está frio e este teu véu já não me aquece!
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